Essa é uma dúvida comum, que acontece basicamente por dois motivos: (1) o atraso ou a ausência completa de fala é o aspecto muitas vezes mais facilmente reconhecível, mais notável e concreto para as famílias e (2) na idade entre 18 e 30 meses, existe grande variabilidade na fala das crianças, o que gera muita confusão e angústia. Veja na figura abaixo dados do Wordbank para crianças falantes do português (a curva verde representa a média das crianças, mais ao topo as crianças que falam “mais” e, para baixo, os limites inferiores da normalidade).
A primeira coisa a considerar, além do número de palavras faladas, é se o problema é apenas na expressão da linguagem. Ou seja, a criança não fala, mas compreende aquilo que é dito? Teste algo como “Filho, traz XXX para mamãe?”. Não aponte, nem sinalize com a cabeça ou o olhar. Ele busca um objeto que você solicitou? Ou ele ignora? Ou é difícil ganhar a atenção dele, ele parece não ouvir ou não entender?
Se a criança entende quase tudo que é dito, tem interesse no que os outros estão dizendo e obedece comandos com naturalidade, o segundo passo é avaliar a intenção comunicativa. A criança quer se comunicar, só não tem palavras ainda? Ou ela não demonstra interesse em expressar nada aos outros? Usar muitos gestos, fazer-se entender por outros modos, balbuciar e emitir sons variados são sinais positivos, que mostram que a criança tem intenção de comunicar, podendo estar apenas atrasada no processo de adquirir a fala. Ela já se comunica, mas de forma não-verbal e, assim que ela construir um vocabulário de mais de 10 palavras, a linguagem tenderá a se desenvolver nos meses subsequentes. Se isso não acontecer, procure avaliação.