A tendência natural humana é dar mais atenção para o negativo. Valorize o positivo. A punição ou o castigo ensinam o que não fazer, mas não ensinam o que fazer. Elimina o comportamento no momento, mas quando a circunstância volta a aparecer, o comportamento retorna – já que nada diferente foi ensinado.
O oposto positivo. Pare de pensar nos comportamentos que você não quer ver e comece a pensar naquilo que você gostaria que seu filho fizesse. Ao invés de “Ele vive tendo uns ataques” pense “eu gostaria que quando ele estivesse bravo, fosse capaz de me dizer com calma o que está incomodando”. Concentre-se no positivo e na substituição do que você não quer pelo comportamento desejado.
Reforço positivo. Associe um bom comportamento a uma recompensa; seja o mais consistente e o mais imediato possível em recompensar – as recompensas são coisas simples – nada de gastos maiores ou extravagâncias. Uma atenção, um elogio, um privilégio já fazem a diferença. Você também pode optar por um sistema de fichas ou pontos – acumulando um número maior para trocar por uma recompensa maior (um presente que a criança deseja, p.ex).
Prática reforçada. Os comportamentos-chave a serem modificados devem ser praticados diversas vezes, de forma intensiva, sempre com reforço positivo. Pratiquem a situação, como se fosse um ensaio para o momento de verdade. P.ex., se o problema é a hora de dormir, pratique com a criança uma ou duas vezes ao longo do dia o que ela deve fazer quando você disser que é hora de ir para a cama. Dê recompensas também pelos ensaios corretos.
Pequenos passos. Não espere a mudança completa de comportamento ou a perfeição do comportamento para elogiar. Lembra de como você incentivava e ficava genuinamente feliz quando o seu filho começou a caminhar? Não era perfeito, mas você sorria, aplaudia e incentivava aqueles passos cambaleantes mesmo assim. Faça o mesmo agora.
Elogie os pequenos passos, cada etapa, os sucessos parciais e incompletos. Procure ver se não há algo de bom naquilo que foi feito, ainda que não tenha saído exatamente como você queria. “Que bom que você conseguiu fazer X”. “Seria muito legal se você conseguisse fazer X e Y”.
Mas atenção! Cuide para não cair na armadilha de criticar ou reprimir o que seria um comentário positivo, diluindo o efeito do reforço positivo – “Que bom que hoje você arrumou seu quarto… por que você não faz isso todos os dias?”.
Extinção. A forma mais efetiva de modificar um comportamento é pela extinção – não dar atenção a ele. Isso é crucial para o sucesso da estratégia. Não dar atenção ao mau comportamento é como remover o álcool da fogueira. Sozinho, isso não costuma funcionar, mas somado a um reforço positivo é uma estratégia muito poderosa.
Chaves para sucesso
ELOGIE – qualidade e quantidade de elogios estão diretamente relacionados ao sucesso da estratégia e são mais importantes que qualquer outra recompensa. Três componentes são essenciais: entusiasmo (esbanje alegria e felicidade – Ótimo! Excelente! Que maravilha!), clareza (procure descrever especificamente o que a criança fez certo e porque você está feliz) e mensagem não-verbal (procure algum contato físico junto com o incentivo, vale um tapinha nas costas, um abraço, bate aqui!, sinal de positivo).
Outras características de um elogio efetivo:
- Contigência – seja sistemático em elogiar o comportamento esperado sempre que ele acontecer, fortalecendo o link entre os dois
- Imediatismo – elogie imediatamente após observar o comportamento esperado, não deixe muito tempo entre o fato e a consequência
- Frequência – especialmente no começo, busque (e invente se preciso) situações em que a criança possa ser elogiada. Pegue de surpresa a criança se comportando bem e elogie
- Clean & clear – não dê explicações, não é hora de educar. Guarde isso para outro momento. Também cuide para não inserir comentários negativos ou reprimendas no meio do elogio (Puxa, por que você não fez isso ontem?). Concentre-se apenas em elogiar os pequenos passos bem sucedidos.
NÃO FEZ, NÃO LEVA. Se a criança não fizer o comportamento esperado, não dê bola. Diga de uma forma tranquila, não raivosa ou rancorosa: hoje você não vai ganhar pontos. Quem sabe amanhã? E saia da sala. Lembre-se: ignorar é fundamental, não entre em discussões. Não dê atenção ao mau comportamento!
PEÇA “POR FAVOR”. Mesmo que você ache sem cabimento, tente começar os seus pedidos para a criança com “Por favor”. Isso dá a elas a impressão de que há opções: fazer ou não fazer (diferente de “Faça isso – porque eu mandei”!). Só o fato de dizer “por favor” muda o tom da sua voz, criando um contexto favorável e aumentando a chance de a criança obedecer. Busque um tom gentil e amável. Não grite, não se irrite, não levante a voz. Fale não como se fosse uma ordem, mas como uma instrução, um comando.
NÃO FAÇA PERGUNTAS. Ao contrário do que você pensa, colocar o pedido na forma de questão – tentando ser menos autoritário – não funciona com crianças. Melhor “É hora de ir para cama. Por favor, escove os dentes e coloque o seu pijama” do que “Por que você não vai vestir o seu pijama?˜. Crianças não entendem a indireta.
PROXIMIDADE FÍSICA. Quando pedir algo, fique perto da criança se preciso. Se o problema for a hora de dormir, p.ex., bote a mão no ombro e vá com ele até o quarto. Se o problema for o banho, vá com ele até o banheiro e ligue o chuveiro.
SUGESTÕES DE RECOMPENSAS
- Mãe ler uma história na cama
- Mãe levar ao cinema
- Pai jogar vídeo game
- Sair para comer pizza
- Andar de bicicleta com o pai
- Ir ao jogo de futebol com o pai
- Ir jogar bola com o pai
- Ir ao zoológico
- Sobremesa especial
- Alugar um filme na locadora
- Tempo extra na cama
- Ficar acordado até mais tarde
- Escolher o programa/filme na TV
- Escolher o menu do jantar
- Baixar uma música nova
- Baixar um aplicativo novo no celular
- Tempo extra de videogame
- Lanche especial
- Comprar uma revista ou livro
- Ir ao parque
- Pacotes de figurinhas do futebol
- Sair com os amigos
- Dormir uma noite na cama dos pais
- Escolher o pedido na tele-entrega
- Escolher algo no supermercado
- Não arrumar a cama por um dia
- Chamar os amigos para dormir na casa
- Chamar os amigos para jogar