Spoiler: ninguém sabe qual “o melhor” tratamento. Se é que existe um.
Existem poucos estudos, raros até, que comparem 1 contra 1 duas modalidades de tratamento do TEA. Quando essa comparação é feita, geralmente o resultado não mostra diferença significativa no resultado entre os grupos de tratamentos; ou seja, quem recebeu o tratamento A (digamos, Denver) melhorou tanto quanto quem recebeu tratamento B (p.ex., DTT). E quanto cada criança melhora com o tratamento é muito individual.
Com o passar dos anos e a popularização cada vez maior do assunto, hoje felizmente observam-se mais semelhanças do que diferenças entre as modalidades de tratamento disponíveis para crianças com TEA (estou falando de crianças pequenas, de 2 a 6 anos). O que você quer ouvir quando estiver avaliando locais e opções de tratamento são duas palavras: desenvolvimento e comportamento. Explico melhor:
- Todo tratamento de TEA tem que começar por uma análise do nível de desenvolvimento da criança; o que ela já faz e ainda não faz. É so assim que serão definidos objetivos corretos e atingíveis.
- Segundo, você quer ouvir os terapeutas falarem em ensinar comportamentos; essa é a terminologia (que remete à análise de comportamento ou ABA) para dizer que, na terapia, a criança irá aprender um repertório novo de comportamentos, ações, gestos (nesse universo, tudo é comportamento, até falar é “comportamento verbal”).
A ideia é que um bom tratamento deve mesclar princípios naturalísticos (em que o adulto acompanha a brincadeira da criança, imita e modela novos comportamentos a partir do que a criança já faz), com ensino estruturado (em que o adulto, periodicamente, demanda de uma forma mais direta da criança algum comportamento específico: “senta aqui”, “encaixa ali”, “coloca este”).
Evite programas que trabalham só com uma dessas abordagens, porque a tendência atual (e o bom senso) sugere que a combinação é o melhor caminho. Fuja de coisas muito diferentes disso, porque há de tudo por aí – até choque na língua já vi recomendarem.