Geralmente a suspeita de um possível diagnóstico de TDAH (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade) é feita por uma ou outra das características abaixo:
- Desatenção: dificuldade de prestar atenção (manter o foco, a concentração) e alta distratibilidade (facilmente distraído por estímulos externos, p.ex., passarinho na janela, e por estímulos internos, p.ex. divagação do pensamento). Ao não inibir suas primeiras reações a uma situação, as crianças com TDAH não se dão tempo para separar seus sentimentos dos fatos.
- Hiperatividade: não parar, estar sempre envolvido em coisas (às vezes, muitas ao mesmo tempo); ter energia de sobra o dia todo; ser agitado, inquieto, falante e impulsivo.
Porém, existe um outro lado do TDAH quem nem sempre é falado, mas que é fundamental – especialmente para você entender melhor seu filho, caso ele tenha TDAH.
Crianças com TDAH tem dificuldade em inibir suas emoções.
Ao não inibir suas primeiras reações a uma dada situação, essas crianças não se dão o tempo necessário para separar os fatos dos seus sentimentos. Por não conseguirem inibir sentimentos tão bem quanto outras crianças da mesma idade, a impressão que temos é que crianças com TDAH são emocionalmente imaturas — pequenos seres indomáveis, imprevisíveis e, por vezes, explosivos.
Note que, enquanto seria absolutamente natural que uma criança de 4 anos tivesse uma crise de birra porque não pode comer bala na sobremesa, essa reação seria algo inesperada ou inapropriada numa criança típica de 9 anos – já capaz de entender e “metabolizar” as razões da mãe. Porém, nas crianças com TDAH, essa reação exagerada pode ser relativamente comum.
Embora as crianças com TDAH possam aprender a controlar suas emoções e às vezes o façam (com grande esforço) saiba que isso exige delas um trabalho mental muito grande, muito maior do que aquele necessário a crianças típicas da mesma idade, para as quais o equilíbrio entre razão e emoção já está mais sedimentado. Fato é que essa variabilidade na resposta da criança frente a uma mesma situação (sendo, por vezes, capaz de inibir a resposta imatura e inapropriada) muitas vezes faz com que os adultos ao redor dela pensem que a criança é malandra, espertinha, preguiçosa ou outros adjetivos pejorativos.