Essa é uma pergunta tão comum… e às vezes é difícil saber exatamente o motivo. Mas vou elencar alguns, os mais frequentes, para ajudar você a pensar sobre o que pode estar acontecendo:
(a) Problemas médicos: doenças respiratórias obstrutivas, relativamente comuns em crianças, podem acarretar problemas de sono. Se seu filho ronca ou tem respiração ruidosa, respira ou dorme de boca, tem infecções repetidas de nariz ou garganta (vive resfriado, com tosse ou dor de garganta) ou um quadro de asma ou rinite mal controlada, converse com seu pediatra. O problema no sono pode ser consequência disso.
(b) Ausência de hábitos de sono ou maus hábitos noturnos: aqui a lista é grande. Ter horário regular para dormir, ter uma sequência previsível de coisas que acontecem antes de dormir (fim da TV, brincadeira, banho, jantar, pijama, dentes, duas histórias). O uso de telas à noite é um grande responsável por manter a criança desperta até mais tarde (a luz azul emitida retarda o relógio biológico). Desligue eletrônicos no mínimo 1h antes do horário de dormir. Isso também vale para TV da sala. Crie um ambiente sonífero. Outros hábitos ruins envolvem alimentação pesada ou mamadas na madrugada. São raras as situações que a criança precisa mamar de madrugada.
(c) Necessidade de contato com pais: é bem comum que as crianças acordem no meio da noite e procurem pelos pais, especialmente até os 3-4 anos. Isso é natural, comum, tipicamente transitório, e não indicar nenhum problema. Seja paciente, acolha a criança, reassegure-a e, sempre que possível, coloque-a de volta na sua própria cama quando ela voltar a dormir.
(d) Medos: crianças um pouco maiores, entre 2-6 anos, podem ter alguns medos noturnos. Medo de monstros escondidos no armário, embaixo da cama, atrás da cortina. Revise com ela o quarto antes de dormir e use um spray borrifador de água para criar uma poção-mágica espanta monstros.
(e) Não saber dormir sozinho: algumas crianças nunca desenvolveram a capacidade de pegar no sono sem a ajuda de outra pessoa. Foram sempre ninadas, embaladas no colo, e só colocadas na cama após estarem dormindo. Nesses casos, pode ser difícil para a criança voltar a dormir após um despertar noturno. O ideal seria começar a trabalhar essa aprendizagem – mesmo que seja durante as sonecas do dia e não no sono noturno. Importante aqui lembrar também que não é bom fazer a criança pegar no sono no lugar A e ela dormir no lugar B. Quando ela acordar no meio da noite, o fato de estar em outro local pode ser um problema.
(f) Resposta muito imediata dos pais: essa situação pode andar junto com a acima. Muitas vezes, sabendo que a criança não dorme sozinha, os pais “vão acudir” a criança tão logo escutam um chorinho ou nem isso, só a criança se mexendo. Importante deixar a criança tentar voltar a dormir sozinha. Muitas vezes, nesses momentos (microdespertares) a criança não está sequer realmente acordada– e a chegada dos pais pode provocar um despertar confuso e desnecessário.
(g) Despertares noturnos premiados: a criança acorda no meio da noite e os pais conversam. Dão comida. Deixam a criança brincar ou pular na cama ou ir pra sala. O que ela entende? Que tudo bem acordar de noite. É até bom. Não premie esses despertares. Você estará reforçando esse hábito.
Por fim, existem os distúrbios do sono, como insônia, síndrome das pernas inquietas, terrores noturnos, sonambulismo, para os quais tanto medidas comportamentais quanto o uso de medicamentos podem ser indicados.