Está na lei: todo autismo é deficiência. Mas, na prática, isso não é verdade. Nem todo indivíduo com autismo tem deficiência. Existe autismo com deficiência e autismo sem deficiência. Atendo várias pessoas com autismo que apresentam quadros que não as limitam em nada, muito menos incapacitam, para o que quer que seja. São pessoas plenas, felizes, integradas, inteligentes, cujo modo de pensar ou agir pode ter lá suas diferenças, mas que em nada se assemelham a uma deficiência. Podem ter algumas dificuldades, mas quem não as tem? Outros tem habilidades excepcionais, que os tornam mais aptos que nós – neurotípicos – a fazer determinadas coisas ou exercer certas funções.
Equivaler todo autismo a deficiência é um equívoco, que gera medo e percepções socialmente distorcidas sobre o que significa ser autista.
O novo CID-11 (Classificação Internacional de Doenças) é excelente nesse aspecto, ao classificar com códigos diferentes os vários tipos de autismo: com e sem deficiência intelectual, com e sem prejuízo na linguagem. São situações bem distintas.