As estereotipias motoras são uma forma de comportamento repetitivo que muitas crianças autistas apresentam, podendo incluir movimentos como balançar as mãos (flapping), girar objetos, balançar o corpo pra frente e para trás (rocking), ou bater a cabeça. A causa exata desses comportamentos não é totalmente compreendida, mas há algumas teorias que tentam explicá-los.
Uma das teorias sugere que as estereotipias motoras são uma maneira que a criança autista usa para lidar com o estresse e a ansiedade. Esses comportamentos repetitivos podem ajudar a criança a se acalmar e se sentir mais segura em situações que podem ser desafiadoras ou desconfortáveis.
Outra teoria – não excludente e algo relacionada – é que as estereotipias motoras são uma maneira de a criança autista lidar com a sobrecarga sensorial. Crianças autistas podem ser muito sensíveis a estímulos sensoriais, como luzes, sons e texturas, e os movimentos repetitivos podem ajudá-las a lidar com essas sensações. O cérebro da criança autista prefere as partes (não o todo). Ele gosta do detalhe, do foco, e o mundo ao seu redor é muito sobrecarregado de informações. O mundo e as pessoas são uma grande sobrecarga sensorial. Ao focar no comportamento repetitivo, a criança consegue abolir ou se distrair do excesso de informação e focar apenas em uma sensação prazerosa específica. Não necessariamente isso ocorre num contexto negativo, mas também quando a criança está muito feliz, muito excitada, muito animada. É uma forma de se auto-regular: a criança faz a esteriotipia assim como nós dizemos “uau, que demais isso”. Elas usam um comportamento motor, nós um comportamento verbal.
Em resumo, é possível que as estereotipias motoras sejam uma forma de a criança autista se estimular sensorialmente para fugir de estímulos (que para ela são excessivos ou aversivos) ou para processar situações altamente prazerosas. Algumas crianças autistas podem ter dificuldade em processar e interpretar informações sensoriais, e os movimentos repetitivos podem fornecer uma estimulação sensorial que elas acham reconfortante ou agradável. É importante lembrar que cada criança autista é única e pode ter necessidades e comportamentos diferentes. O melhor é buscar orientação de um profissional de saúde qualificado para entender melhor as necessidades e comportamentos específicos da criança em questão. Mas, seja como for, não há sentido em bloquear ou impedir a criança de fazer esteriotipias.