Estereotipias são uma forma de comportamento repetitivo muito comum em crianças no espectro. São tipicamente movimentos repetitivos do corpo ou das mãos, aparentemente sem propósito, e que não causam risco à criança ou a quem convive com ela (diferentemente dos comportamentos chamados auto-lesivos). Mas então qual o problema com as estereotipias? Devo deixar ou não meu filho fazer esses movimentos?
O problema de deixar seu filho fazendo livremente suas estereotipias é que essa ação ocupa a atenção da criança e, consequentemente, retira a atenção e o foco de outras coisas mais importantes e das pessoas que estão ao redor. Elas não o ajudam a aprender coisas novas, desenvolver habilidades ou socializar – tendem mais a atrapalhar, já que as pessoas podem se sentir pouco à vontade ou até mesmo incomodadas pelos movimentos estereotipados.
É verdade que existe alguma evidência de que essas estereotipias fornecem uma forma de alívio ou conforto para a criança, deixando-a mais calma e menos ansiosa. Então, nem tudo é necessariamente maléfico nesse sentido. Se seu filho só faz um pouco de flapping com as mãos quando muito animado, relaxe, isso não é motivo para se preocupar. O problema está em a criança ocupar-se demais com os seus padrões repetitivos.
Mas afinal, o que fazer com elas? Tentar substituir por outro comportamento, mais “adaptativo” – algo que tenha alguma função, utilidade ou que pelo menos não seja muito salientemente estranho. Então, p.ex., se a criança insiste em ficar girando qualquer rodinha que ela pegue, o que você quer é modelar para ela o que você acharia “normal” – talvez empurrar o carrinho para frente. Demonstre isso para ela trocentas vezes e a recompense entusiasticamente por suas tentativas de empurrar o carrinho para frente (e ignore as estereotipias). Se a estereotipia é com o corpo, pense em algum movimento próximo ou parecido que seja mais funcional e modele. P.ex., se é um flapping das mãos, tente substituir por passar as mãos no cabelo, como se estivesse se arrumando.
Duas observações para casos mais difíceis: (1) se a estereotipia envolve um objeto único e é muito forte, considere eliminar esse objeto de forma definitiva. (2) Se uma solução intermediária parece mais adequada, considere permitir a esteriotipia como recompensa – a criança ganha o controle do objeto, ficando livre para fazer a estereotipia, uma vez que tenha feito a ação previamente modelada por você.