Quando os pais começam a pesquisar sobre formas, tipos, modalidades ou métodos de tratamento para o autismo, o resultado costuma ser desesperador. Há muita informação, de qualidade variável, na internet e pode parecer muito complicado decidir por uma abordagem terapêutica. Vou tentar ajudar você a entender um pouco melhor quais são suas opções.
- Primeiro: não existe tratamento medicamentoso. Existem “remédios aprovados para uso em crianças com autismo”, mas estes são os mesmos fármacos que são usados para crianças com esquizofrenia, transtorno bipolar, entre outros diagnósticos. Eles tratam sintomas, não a doença. São drogas conhecidas como antipsicóticos (p.ex., risperidona ou aripiprazol) e seu objetivo é reduzir agressividade, irritabilidade e agitação. Podem ajudar no sono também, embora essa não seja uma indicação de uso propriamente dita. Porém, como os efeitos adversos são consideráveis, a indicação deve ser feita de forma bastante criteriosa.
- Restam então os tratamentos não-farmacológicos, ou seja, que não envolvem uso de remédios. Estes são os mais indicados. São “terapias”, que podem ser conduzidas por profissionais de diversas áreas da saúde (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicopedagogos, etc), mas é importante certificar-se que o profissional tem experiência com autismo (ninguém sai da faculdade sabendo manejar especificamente este tratamento).
- Todas as modalidades terapêuticas baseiam-se, em maior ou menor grau, em brincadeiras, com e sem objetos. Seu filho vai (deve) estar aparentemente brincando com a terapeuta, mas essa brincadeira, naturalmente, tem uma série de objetivos e formas de ser conduzida. Não é um brincar livre, são brincadeiras planejadas e estruturadas (e de preferência, com resultados mensuráveis). Mas ainda assim, espera-se que seja divertido para a criança (um clima ruim não trará bons resultados).
- Existem diferentes terapias indicadas no autismo, mas elas se situam entre dois polos: de um lado, as terapias comportamentais, que partem da análise do comportamento da criança (por que ele se joga no chão? Em que situações isso ocorre?) e, a partir daí, modificar e ensinar novos comportamentos, de uma forma sistemática e altamente planejada. Do outro lado, estão as terapias “desenvolvimentais”, que vão partir da identificação do nível atual de desenvolvimento da criança para, a partir daí, sofisticar e elaborar o brincar da criança, de forma a desenvolver novos repertórios de comportamentos, de uma forma mais naturalística e não tão sistemática. No próximo post, detalho mais sobre isso.