Se você é do tipo quieto, discreto, de poucas palavras, cara de paisagem… ó céus! Você vai ter que se esforçar. Encarnar um personagem, fazer aula de teatro… terapia, talvez? Você precisa se soltar. Expressar afeto e emoção de forma intensa, vívida (quase caricata) é um elemento chave na terapia de crianças com TEA.
Toneladas de pesquisa sugerem que a aprendizagem, especialmente a linguagem e a sociabilidade, são facilitados por um ambiente ou um contexto “afetivamente rico”. O que isso quer dizer? Quer dizer que a gente aprende melhor e tem mais disposição e interesse em aprender quando tem uma certa excitação envolvida, quando o “professor” é bem empolgado, interessado, aberto e sorridente. Não era assim no seu tempo de escola?
Pois bem, você quer dar ao seu filho essa experiência de aprendizagem. Você quer modular o afeto positivamente. Você pode perceber seu filho muitas vezes quieto, absorto no seu próprio mundo e parte do que você precisa fazer para se comunicar com ele envolve tornar este outro mundo, o nosso, atraente. Você precisa recompensá-lo (com ações ou objetos) por atravessar a fronteira e se juntar a você, de forma que progressivamente ele “queira” estar com você porque já sabe que aqui tem coisas prazerosas o aguardando.
Comece procurando o que a criança quer brincar. Encontrou? “Filho, que demaaaais esse XXX! Wooow”. Sorrisão. Efeitos sonoros. Entusiasmo. Você quer que ele olhe para o seu rosto. Sente perto para brincar (de preferência de frente ou de forma que a criança o veja facilmente). Encontre um jeito de ser útil na brincadeira. Brinque primeiro em paralelo, depois ajude sem ser intrusivo e, por fim, mostre como elaborar a brincadeira, tornando-a mais rica e complexa ao acrescentar novos elementos, um de cada vez.